até que a cidade surja
Vem
por sobre a envergadura íntima dos braços quentes.
Quero te dizer, talvez,
algo mais que um suspiro, ou que o sono,
algo verdadeiro e solene
no ar exausto dos corpos. Da noite em que não ousamos negar a morte,
o momento de deslizarmos até a manhã e a claridade.
O momento em que a cidade surge.
Quem de nós saberia dizer o som do próximo passo?,
se o conforto se ensaia incerto por dentro da carne,
o abismo se desenha branco por sobre o tempo,
que podemos dizer por ora, que não nomes vagos,
lugares esvaziados, canções?
A vertigem brota na delícia da espera,
espera rude da escrita, lento organizar-se dos sons e cheiros que ficaram.
Quero te dizer algo puramente sonoro,
como o ímpeto da primeira canção dos dias inaugurais,
para que deslizemos até a grande claridade, talvez.
Te chamo – Vem,
pelos pêlos e na temperatura dos braços,
deitar-se.
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