Saturday, May 12, 2007

de dois episódios

Eis uma segunda parte que se ensaia. Chego, os endereços se perdem pela névoa levemente fria do domingo, sono. Restos novamente percebidos com a modelagem do tempo longo, com alguma surpresa. A vontade me contamina as unhas, os dedos, as mãos, o suor me escapole pelas frases ditas aos becos dos pequenos encontros mal engendrados. Vem-me a noite de ontem, o sexo, a fala profundamente plena e inconcebível, o vôo absurdo da palavra com interlúdios dos sentidos. Existiam flores pelas tuas costas, tens-me um nome familiar, poderia até chamar-te meu amor, mas o fato é volátil, não se desenha nítido, não posso reconhecer as prospecções de clima, talvez um dia te chame meu amor, e nos deitaremos novamente ao pé da cidade, por sob a fala magnética e a imensa rede que se ensaiou naquela madrugada, e nos utilizaremos de nossos corpos de modo sabidamente egoísta, e depois escutaremos a altura das tuas janelas. Quando aqui cheguei, pensei em retocar os nomes com cuidado, para que se preservassem os poemas do tempo infância. Agora, sob o texto da rua de pedra, a igreja, as vozes na sala, pela varanda. Deparo-me com o antigo pai, aquele que me foi um dia a voz de várias vontades, estou atravessado. A casa se ornamenta de espaços desconfortáveis, por vir, à noite. Talvez seja necessária a fala por sobre o objeto específico da questão, o desnudar do problema na voz, à mesa, à frente do vinho. Espero.